O primeiro mês do ano Janeiro, é propício para reflexões, novos horizontes e planejamento de objetivos a serem alcançados. Talvez por essa razão foi escolhido para ser o mês da conscientização sobre a saúde mental e emocional. A campanha Janeiro Branco é uma iniciativa brasileira que visa promover o engajamento das pessoas em seu próprio bem-estar. E não é para menos, o país lidera o ranking em diagnósticos relacionados ao tema. Vamos a alguns números:
● O Brasil é o país que lidera o ranking de ansiedade e depressão na América Latina, com quase 19 milhões de pessoas com essas condições.
● O 2º lugar em número de pessoas acometidas pela síndrome de burnout, sendo que 30% dos trabalhadores sofrem silenciosamente.
● Além disso, o Brasil tem o terceiro pior índice de saúde mental em um ranking com 64 países, à frente apenas do Reino Unido e da África do Sul e 11 pontos abaixo da média geral.
● 61% não se sentem satisfeitos ou felizes no trabalho, e a maioria (76%) já conheceu alguém que precisou se afastar das atividades de trabalho por razões psicológicas.
● 86% dos funcionários mudariam de emprego por saúde mental.
● Estima-se que 12 Bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente no mundo devido à depressão e à ansiedade.
síndrome de burnout – nada mais é que uma depressão que vem do trabalho – estresse prolongado de 1 a 2 ano
Fontes: OMS - Organização Mundial da Saúde
OIT - Organização Internacional do Trabalho
QUAL A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL NO TRABALHO?
Considerando que passamos uma parte significativa de nossas vidas trabalhando, os desafios de manter uma boa saúde mental são ainda maiores.
É fato que muito tem contribuído para essa epidemia mental que vivemos, como exemplo: o excesso de informações, cobranças por prazos, pressões por resultados, cultura de multitarefas, perda de vida pessoal, ambientes competitivos e promotora de emulações, baixa segurança psicológica, lideranças tóxicas, assédio moral/sexual, bullying, discriminações diversas, cultura focada apenas no lucro, além da pouca ou nenhuma propriocepção. Eu diria que vivemos hoje uma epidemia existencial e, isso, mundialmente. Chegamos ao ponto em que dominamos as tecnologias, aprimoramos os processos de produção, mas nos perdemos em algum lugar nesse processo. Como reverter isso? Como tornar o ambiente organizacional mais saudável, com maior integração, colaboração e pertencimento? Como despertar o respeito mútuo, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional? Uma cultura que valorize os erros como parte da aprendizagem e inovação; que estimule o reconhecimento das forças, mas que acolha também as vulnerabilidades das pessoas? Como estimular a autoconsciência, o domínio da atenção e especialmente, uma cultura centrada no ser humano? O autoconhecimento é a resposta para essas questões e a porta de saída das estatísticas mencionadas.
Vejo novos talentos emergindo no mercado produtivo e, no meio do barulho corporativo, há quem se sensibiliza com o tema. Empresas como a Vtech Soluções para válvulas, vitoriosas tanto em seu mercado, como no ambiente interno, têm sentido a urgência de se fazer algo a respeito. Por essa razão, tenho tido a honra de ser seu parceiro na implantação de uma cultura de desenvolvimento e bem-estar através do autoconhecimento. Poucos sabem que o tamanho de um empreendimento é proporcional ao tamanho das pessoas. Pessoas felizes formam organizações felizes. Colaboradores bem quistos e valorizados são mais generosos em suas ações.
Meu ofício enquanto educador é laborar uma cultura de aprendizagem para além de uma intervenção por palestras, oficinas ou qualquer outro evento. É preciso gerar um ambiente propício para uma reengenharia mental e profissional.
Neste processo, a inteligência, chamada de emocional, é fundamental. Sua perda priva as pessoas de uma conexão vital consigo e com outras no mesmo ambiente. Acabamos utilizando mais a percepção dos sentidos sensoriais que a dos emocionais, ainda desconhecidos pela maioria das pessoas: a interocepção, que é a percepção do que acontece no corpo e propriocepção, que é a percepção de si. É tempo de reconectar com nossa humanidade e acima de tudo, com nossos valores. Ter a coragem de ser quem somos, em um ambiente que promova a segurança psicológica através de uma liderança autêntica, intergeracional e propositiva.
A felicidade se aprende, assim, como uma nova mentalidade, através do encontro de um sentido para a existência. No fundo, não buscamos o que senso comum chama de felicidade, buscamos um significado, um propósito e posso afirmar que nossas dores psicológicas e emocionais tem a falta disso na causa. Portanto, apenas um trabalho amplo envolvendo a razão e a emoção, aplicada a um processo pedagógico eficaz, terá o poder de reforçar a saúde mental de todos. Não basta palavras bonitas, jargões de redes sociais, apelo aos gatilhos emocionais, rituais de moda, ou fórmulas prontas. Precisamos aprender a criar significados, construir um sentido para nossa existência e viver por propósitos.
Sendo a saúde, segundo a OMS(Organização Mundial de Saúde) o pleno bem-estar físico, mental e social do ser humano, não necessariamente ausência de doença; o que falta geralmente, é a experiência de plenitude, do exercício máximo do que podemos ser. Longe de rotular causas, é preciso trabalhar o potencial humano de forma responsável para promover o autoconhecimento integral. Somente assim, velhos conceitos implantados darão lugar a um novo sentido, a um significado que alcance toda a amplitude do ser da pessoa, satisfazendo todas as necessidades: essencial, emocional, afetiva, psicológica e relacional, tão inerente à sua humanidade.
As Empresas comprometidas com o ser humano já estão no futuro, promovendo uma nova onda, onde o ser é o centro do poder - o capital da nova sociedade.
Comendador Paulo Matias
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